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• 29 jan 2021

entrevista exclusiva com o diretor rafael kent (da cave) que lança hoje o clipe “cali dreams” do dj vintage culture

por duda leite

o diretor rafa kent já é um velho conhecido do m-v-f-. inclusive está com um clipe (aseptic do ubunto) entre os finalistas da edição 2020 (cujos vencedores serão anunciados dia 11.02 através de uma cerimônia com transmissão online). kent lança hoje seu novo trabalho, o clipe “cali dreams” do DJ vintage culture, uma superprodução cheia de efeitos especiais produzida e dirigida por ele. Leia abaixo a entrevista exclusiva que fizemos com ele e assistam ao clipe no final da matéria:

duda – como o projeto de fazer este clipe para o vintage culture chegou até você?

Kent – Vou contar algo interessante que acho que nem contei pro próprio Lukas no dia que estivemos no SET. Em 2016, o Vintage Culture lançou um clipe chamado Slowing Down. Na época eu não conhecia muito do trabalho dele, mas curti muito o clipe, achei diferente e conceitual, especialmente para um DJ no Brasil. Na época, eu cheguei a mandar mensagem pra ele no instagram, via inbox. Mas não tive resposta. Agora, em 2020/21, recebo esse convite do Carlos Sollito para trabalhar com o Vintage num lançamento mundial. O mundo dá muitas voltas. Que bom que às vezes elas acabam dando as voltas certas. Fiquei feliz com a confiança e com o momento do Lukas no cenário mundial. A América Latina precisa se convencer de que nós somos foda.

Duda – a cave é uma das poucas produtoras brasileiras que dedicam um espaço bastante significativo à produção de clipes. por que esta opção? quais os maiores desafios e recompensas de se trabalhar com este formato?

Kent – As pessoas não sabem, mas a CAVE tem mais de 10 anos. Começou em 2010, com o nome de Okent Films. Mas era a produtora do Kent, de um homem só! Do it Yourself. Nesta época, eu andava com bandas, era produtor, empresário, psicólogo, motorista, designer e, por último, fotógrafo de bandas de rock underground. Quando virei fotógrafo de bandas, comecei a flertar com essa parte de imagem, o que me levou a dirigir clipes para muita gente. Então, a CAVE tem música no DNA. Logo depois, em 2011, senão me engano, Tânia Assumpção começou a trabalhar comigo, viramos sócios. Ela também tem uma formação musical, estudou no conservatório de Tatuí etc. Não tinha como dar errado..

Agora, após todos esses anos, a Okent Films virou CAVE, pois eu tinha necessidade de trazer outros talentos para trabalhar na produtora e queria que eles ganhassem os créditos por suas obras. Era muito chato para eles estarem numa produtora que levava o meu nome. Hoje, na CAVE, temos talentos muito legais e que flertam muito com o autoral, com música, curtas metragens etc. Os que chegaram por último foram o Mira e a Belle de Mello. E nós acreditamos muito neles. Mesmo. Inclusive a Belle está terminando agora mesmo o novo clipe do BaianaSystem, em breve na rua.

Os desafios são os mesmos de sempre. Moramos em um país que não foi feito pra se fazer cinema, não temos tecnologia, não temos estrutura e não temos verbas. O que por um lado é bom, porque faz a gente ser mais criativo e visceral e, por outro lado, ruim porque certas produções têm limites. Não é sempre que você consegue um parque de diversões como California Dreams, então, fazer cinema no Brasil é bastante angustiante, pra não dizer limitante. Ao mesmo tempo, sempre que você entra de cabeça em um trabalho autoral, muitas pessoas entram com você. Pessoas que estão cansadas de fazer o de sempre, em grande parte publicidade. Essa galera entra com sangue no olho, como foi no caso de Cali Dreams. E isso imprime demais no filme.

Quanto aos benefícios, acredito que seja o de estar em um projeto que é mais autêntico. Que faz um sentido maior do que uma publicidade que dura 24 horas no seu instagram. Um clipe como este do Vintage Culture marca uma carreira, é algo para a posteridade e poucas ou quase nenhuma publicidade tem esse poder.

Duda – Este foi o clipe mais caro da CAVE? Pode nos contar o budget deste clipe?

Kent – Esse filme foi nosso filme autoral mais caro, sim, já fizemos publicidades maiores, mas como autoral foi o mais caro. Vou deixar pra fazer uma rifa pra galera adivinhar o valor. Quem sabe assim eu não ajudo com a caixinha pra um próximo clipe?

Duda – Quais foram os maiores desafios técnicos que você teve que enfrentar para a produção e direção deste clipe?

Kent – Pandemia com certeza e prazo foram os maiores desafios, além da gravação ter rolado no fim do ano etc. Tivemos que abrir mais duas diárias por conta desses tipos de limitação. O que foi bom, porque gostei muito de dar uma distanciada do material, do set e voltar com a cabeça ligeiramente mais limpa. Acho que foi importante. O outro desafio era escolher o que eu queria fazer com tantos efeitos diferentes. Eu parecia uma criança em um parque de diversão com os pais dizendo: “Só podemos ficar aqui por 30 minutos”. Foi realmente angustiante.

Duda – Qual a importância do MVF no universo dos videoclipes no Brasil?

Kent – Acho que antes de ser um festival, o MVF é um conceito. Já são vários anos de festival, preenchendo uma lacuna que o saudoso VMB deixou. Hoje, consigo ver de longe a importância que o MVF tem no nosso mercado autoral. Ele é catalizador de talentos e sonhos. Já temos uma passagem bacana por lá: ED RAW ganhou como melhor edição, em 2019, com o clipe de Cronista do Morro; artista de Salvador, Belle ganhou, em 2020, como melhor clipe por escolha popular com Hot & Oreia (e esse ano concorre de novo). Estive por lá também com SACI, do BaianaSystem com TropKillaz. Mas o fato é que, hoje, eu percebo que as pessoas estão fazendo filmes pensando no MVF, já virou um lugar comum esse tipo de motivação que o festival dá e isso é super necessário em um país como o Brasil, pois movimenta todo um mercado. Vida longa ao MVF!

Duda – Pode nos contar sobre os novos projetos da CAVE?

Kent – Queremos nos posicionar ainda mais na publicidade, mostrar nossa cara, nosso conceito, como a gente pensa e o que, e como queremos fazer. A CAVE é um lugar onde a personalidade impera, tem que imperar e deve imperar. Acredito nisso, nossos diretores também. Esse é nosso projeto principal para 2021.

Assistam ao clipe “Cali Dreams” do Vintage Culture, dirigido por Kent: